
O boletim mais recente da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) confirma que o fenômeno La Niña deve persistir durante o verão 2025/26 no Hemisfério Sul. A análise foi detalhada pelo meteorologista Arthur Müller, do Canal Rural, que explicou como o padrão oceânico-atmosférico deve impactar chuva, temperatura e desenvolvimento das lavouras nos próximos meses.
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Segundo Müller, os modelos climáticos continuam mostrando predominância da La Niña no início do verão, com probabilidade maior de neutralidade a partir de fevereiro e março de 2026. Essa transição já vinha sendo indicada nos boletins anteriores. No curto prazo, o efeito mais evidente será a manutenção das chuvas no Sudeste e Centro-Oeste, cenário que beneficia produtores que precisaram realizar replantio de milho, algodão e soja.
Uma mudança relevante trazida pelo novo boletim é o aumento do sinal associado ao possível retorno do El Niño na primavera de 2026, o que poderia influenciar de maneira significativa a safra 2026/27.
“Se essas águas começarem a aquecer, teremos mais uma engrenagem somada ao quadro atual, que já envolve oceanos muito aquecidos no globo”, afirmou Müller.
Ele alerta que condições semelhantes às de 2023 e 2024, como ondas de calor acima de 44 °C, secas severas na Amazônia e extremos meteorológicos, podem voltar a ocorrer caso o El Niño se consolide.
Para o período mais imediato, de dezembro a março, o meteorologista destaca a tendência de chuvas acima da média em grandes áreas do Centro-Oeste, Sudeste e Matopiba. Esse excesso, porém, pode trazer desafios. Em fevereiro e março, a continuidade das precipitações nessas regiões pode atrasar a semeadura do milho safrinha, especialmente nas áreas onde houve replantio.
Frente Fria
Para os próximos dias, Müller informou que o ciclone extratropical que atuou na região Sul já se afasta para o oceano, reduzindo o risco de rajadas intensas como as registradas na última quarta-feira (10). Uma frente fria empurra a instabilidade para o centro-norte do país. O alerta maior é para o período entre sexta-feira e o fim de semana, quando um cavado deve intensificar a chuva em São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul, com acumulados podendo ultrapassar 100 a 150 milímetros, o que aumenta o risco de alagamentos e prejuízos às atividades de campo.
Apesar dos extremos recentes, Müller reforça que microclimas têm papel importante na resiliência das propriedades rurais. Ele destacou que práticas como integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) ajudam a preservar umidade, regularizar chuvas e reduzir impactos das mudanças climáticas aceleradas. “Proteger o microclima é proteger a própria produção”, observou.
Os ventos, que chegaram a dificultar deslocamentos em cidades como São Paulo, devem perder intensidade gradualmente, ficando entre 40 e 50 km/h nesta quinta-feira (11). A tendência é de redução significativa a partir de sexta-feira (12), com o afastamento definitivo do ciclone.