Bahia, 24 de Julho de 2025
Por: CNN Brasil
21/07/2025 - 05:52:19

O anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre uma alíquota de importação de 50% para todos produtos brasileiros acendeu um alerta para os pequenos negócios do Brasil, especialmente em São Paulo, onde a concentração de indústrias é maior.

 

A medida entra em vigor no dia 1º de agosto, mas os reflexos já começaram a aparecer nas pontas mais sensíveis da cadeia econômica.

O economista Felipe Beraldi, especialista em indicadores da Omie, avalia que o cenário atual já é desafiador, "diante do elevado patamar das taxas de juros e do aumento das pressões de custos observado desde meados de 2024". Com o tarifaço, a perspectiva é de agravamento.

"Sob a perspectiva das PMEs, a elevação abrupta das tarifas de importação nos EUA impacta diretamente as empresas brasileiras que exportam para aquele mercado ou que mantêm relações com grandes exportadores", comenta.

Empresas que dependem de insumos importados ou mantinham planos de expansão para o mercado norte-americano estão revendo estratégias e enfrentando incertezas. É o caso de Pequenas e Médias Empresas que atuam em nichos como o de alimentos artesanais e redes de compras industriais.

A Strati Gelato, por exemplo, utiliza pistache californiano na produção de seus sorvetes e já projeta aumento nos custos.

“Seremos, sim, afetados, primeiramente como um todo, já que o nosso produto não é essencial. Só que piora, pois usamos pistache do tipo Califórnia e estamos com medo de outras consequências que façam o preço subir ainda mais. O lado do empreendedor só fica cada dia mais difícil, margens mais apertadas”, afirma a sócia Thereza Cristina.

Lucas Silva, responsável pela Rede de Compras, que intermedia negociações entre pequenas indústrias e fornecedores, também aponta mudanças.

“Tivemos impactos, mas ainda estamos avaliando se foram negativos. Algumas negociações com fornecedores na China estão mudando justamente por esse processo do tarifaço. Por outro lado, tivemos que suspender investimentos que faríamos na expansão das nossas atividades para os EUA, que estavam programadas", destacou Lucas.

Quanto ao cenário externo, o novo pacote tarifário do presidente norte-americano adiciona mais um fator de pressão. A medida, que prevê tarifas de 50%, representa um risco concreto para o desempenho econômico do país e, sobretudo, para as PMEs com presença direta ou indireta no mercado americano.

A depender da velocidade de implementação da tarifa, empresas que exportam diretamente para os EUA ou que integram cadeias produtivas ligadas ao comércio bilateral poderão ver seus planos comprometidos.

Beraldi ressalta que, "diante de uma possível retaliação do governo brasileiro, também poderão ser afetadas empresas que dependem de matérias-primas fornecidas por parceiros norte-americanos".

"Não se pode deixar de mencionar o efeito macroeconômico negativo geral desse tipo de medida, que tende a resultar em maior desvalorização do real e aumento das pressões inflacionárias, afetando especialmente as PMEs", finalizou.

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