O senador Jaques Wagner tem sido o carregador de piano do Senado, afirmou o senador Otto Alencar, um dia após os ruídos na articulação da votação do Projeto de Lei da Dosimetria.
Para Otto, o Senado é "completamente desconhecido” da SRI (Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República), comandada pela ministra Gleisi Hoffmann (PT-PR).
"Nunca recebi um telefonema da Gleisi", afirmou o senador. Segundo Otto, o acordo de Jaques Wagner, que incluía desimpedir o caminho para a votação do PL da Dosimetria para assegurar a votação a aprovação do projeto de lei que reduzia benefícios fiscais, veio após uma conversa com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP).
O próprio líder do governo afirmou ter feito o acordo sem consultar o Palácio do Planalto e disse que não havia motivo para “empurrar com a barriga” o texto que já seria aprovado pela CCJ. O cálculo também levou em consideração a perspectiva de veto da proposta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Não me envergonho do que fiz, estou muito tranquilo na condução da minha liderança e acho que o que a gente fez foi simplesmente colocar em votação aquilo que está para ser votado”, declarou o Jaques Wagner no plenário.
As discordâncias públicas geraram especulações sobre troca na liderança do governo no Senado. Jaques Wagner é tido como uma figura de confiança do presidente Lula. As discordâncias públicas geraram especulações sobre troca na liderança do governo no Senado.
"Wagner tem sido um grande líder. O governo é mais importante para ele do que ele para o governo. Se o governo tiver juízo, o mantém como líder", afirma Otto. Após a aprovação do projeto da dosimetria pelo Senado, Gleisi afirmou nas redes sociais que a condução do tema na CCJ por Jaques Wagner foi "um erro lamentável" contrariando a orientação do governo que "desde o início foi contrária à proposta", ressaltou.