Um novo relatório técnico divulgado nesta quinta-feira (11/12) pela empresa canadense Homerun Resources Inc. colocou o município de Belmonte no centro das atenções do mercado de mineração global. O documento confirma que o distrito de Santa Maria Eterna abriga um dos projetos de areia silicosa de maior potencial da região, com recursos totais estimados em mais de 63 milhões de toneladas.

O estudo, datado de maio de 2025 e realizado pela consultoria Geoinform Pesquisas Geológicas, detalha a viabilidade da jazida, que é vizinha a operações já consolidadas, como a da Jundu (Saint-Gobain). Segundo o levantamento, o volume de areia de alta pureza divide-se entre 25,56 milhões de toneladas na categoria “Medida” (com maior certeza geológica) e 38,34 milhões de toneladas na categoria “Inferida”.

Qualidade que atrai o mercado de tecnologia

Um dos principais diferenciais apontados no relatório é a qualidade excepcional do minério encontrado no subsolo belmontense. Testes de beneficiamento simples — que envolvem apenas lavagem para retirada de argila e matéria orgânica — revelaram um teor médio de 99,67% de dióxido de silício (SiO₂). Ainda mais impressionante foi a análise da Minerali Industriali Engineering (MIE), que validou a areia de Santa Maria Eterna para a fabricação de vidro solar livre de antimônio, um insumo crucial para painéis de energia solar.

Os resultados mostraram:

- Pureza natural de 99,7%;
- Baixíssima concentração de Ferro (apenas 24 ppm no estado natural);
- Redução para apenas 8 ppm de Ferro após testes avançados.

Essa pureza classifica o material como insumo “premium”, ideal para atender às exigências das indústrias de vidro plano, cerâmica e alta tecnologia. “A natureza já fez grande parte do trabalho, nos oferecendo um recurso único que posiciona a Homerun com vantagem estratégica na produção de vidro solar de próxima geração”, destaca a empresa.

Parceria com a CBPM e Legado Social

O projeto é fruto de uma parceria estratégica entre a Homerun Resources e a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM). O contrato de arrendamento, válido por 40 anos, garante os direitos exclusivos de extração, mas também traz contrapartidas para a comunidade.

Além da geração de emprego e renda, o acordo prevê a criação de um fundo conjunto para o desenvolvimento da educação. Este fundo será abastecido com uma porcentagem dos royalties pagos pela extração da areia, beneficiando diretamente os municípios onde a empresa operar.

Avanço no Licenciamento

O empreendimento já superou etapas burocráticas importantes. Em dezembro de 2024, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Belmonte emitiu a Licença Ambiental, passo fundamental para a obtenção da Licença de Lavra junto à Agência Nacional de Mineração (ANM).

O relatório técnico conclui que o projeto possui alta continuidade geológica e características econômicas favoráveis, consolidando Santa Maria Eterna como um polo estratégico na mineração de areia industrial no Brasil.