As empresas estatais federais registraram um prejuízo de R$ 2,73 bilhões entre janeiro e abril deste ano, segundo dados divulgados pelo Banco Central. Trata-se do maior rombo da série histórica, iniciada em 2002 pela autarquia.
O resultado representa um aumento de 62,8% em relação ao mesmo período de 2024, quando o déficit somou R$ 1,68 bilhão. No primeiro ano do governo Lula, em 2023, as estatais haviam acumulado prejuízo de R$ 1,84 bilhão até abril.
O Banco Central exclui Petrobras e Eletrobras de seus cálculos. A metodologia utilizada pela autarquia pode apresentar divergências em relação aos dados do Tesouro Nacional. O BC adota a abordagem “abaixo da linha”, que considera a variação da dívida, enquanto o Tesouro utiliza o método “acima da linha”, com base no fluxo de receitas e despesas.
Dívida pública
O desempenho negativo reforça as preocupações com o quadro fiscal do país. Em abril, a dívida bruta do governo geral — que inclui União, INSS, estados e municípios — subiu para R$ 9,2 trilhões, o equivalente a 76,2% do Produto Interno Bruto (PIB). Houve alta de 0,3 ponto percentual em relação ao mês anterior.
O indicador é um dos principais termômetros usados por investidores para avaliar a sustentabilidade fiscal do país. A trajetória da dívida preocupa o mercado, especialmente com a Selic em patamar elevado.
Cerca de metade dos títulos públicos são atrelados à taxa básica de juros, hoje em 14,75% ao ano, o maior nível em quase duas décadas. Cada ponto percentual de alta na Selic, mantido por 12 meses, eleva a dívida em cerca de R$ 50 bilhões.
Pela metodologia do FMI, a dívida bruta brasileira chegou a 88,5% do PIB em abril, acima dos 88,3% registrados no mês anterior.