Após as diligências da CPI do MST no Sul da Bahia na semana passada, o relatório final que deve ser apresentado por Ricardo Salles (PL-SP) na próxima segunda-feira sofreu algumas alterações e agora conta com ao menos 15 pedidos de indiciamentos. Entre eles, o do deputado federal Valmir Assunção (PT-BA), membro titular do colegiado.
Em depoimento na CPI, a ex-militante do MST Vanuza dos Santos de Souza afirmou ter sido expulsa pelo deputado que, na ocasião, rebateu que o colegiado teria virado um "palanque bolsonarista".
Além de Assunção, dois de seus assessores (Lucineia Durães do Rosario e Oronildo Loures Costa) também estão na mira da CPI por liderarem o Acampamento São João e supostamente tirarem vantagem econômica dos assentados. Os três se apresentam como militantes do MST e não possuem denúncias formais já vigentes contra eles. O gabinete de Valmir Assunção foi procurado pela reportagem, mas não se manifestou até a data desta publicação.
Além dos três citados, outras lideranças de movimentos sociais no campo serão alvos de pedido de indiciamento. Entre elas, o líder da Frente Nacional de Lutas Campo e Cidade (FNL), José Rainha, e o diretor-superintendente do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iterra-AL), Jaime Messias Silva.
O relatório não mirará o entorno de Lula (PT), mas um possível indiciamento do ex-ministro do Gabinete Institucional de Segurança (GSI), Gonçalves Dias, também não é descartado. Neste contexto, o pedido se daria por falso testemunho em seu depoimento à CPI. O líder do MST, João Pedro Stédile, deve ficar fora da lista pela dificuldade de imputar a ele algum crime depois de seu depoimento ao colegiado, há duas semanas.
Relatório paralelo
Governistas incomodados com a oposição, no entanto, costuram a elaboração de uma espécie de "relatório paralelo" a ser apresentado, sem a recomendação de punições.
Nele, serão abordados supostos abusos cometidos pela CPI, como invasões de domicílios durante diligências em assentamentos, e violência de gênero, que teria sido praticada por Salles e pelo presidente da CPI, deputado Zucco (Republicanos-RS), na condução dos trabalhos. Todos os casos foram judicializados e, por isso, não haverá pedido de indiciamento, segundo deputados governistas.