O que dirá Jaques Wagner, quando estiver em Porto Seguro, no próximo dia 20, sobre a violência que se instalou naquele município. Tornando a cidade a 5ª mais violenta do Brasil. Para um pólo turístico da dimensão de Porto, o Governador do Estado deverá arregaçar as mangas e reverter a situação em caráter de urgência.
A pesquisa Mapa da Violência 2012, divulgada nesta quarta-feira (14) pelo Instituto Sangari, coordenado por Julio Jacobo Waiselfisz, indica que o número de homicídios no país teve um aumento real de 124% no período de 1980 a 2010, ou 2,7% ao ano. Em valores totais, foram 11,7 homicídios em 100 mil habitantes em 1980 para 26,2 em 2010.
Porém, outro dado verificado é que desde 2003 há uma queda considerável no comparativo. Até este ano as taxas de homicídio cresciam cerca de 4,4% ao ano. Entre esse período até 2010 o crescimento foi de 1,4%, motivado pelas políticas de desarmamento, planos e recursos federais e estratégias de enfrentamento de alguns estados.
Unidades federais que no início da década 2000 ostentavam níveis moderados ou baixos para contexto nacional de homicídios, apresentam alto crescimento, como Alagoas, Pará ou Bahia, que de 11º, 21º e 23º respectivamente, passaram para o 1º, o 3º e o 7º lugares. Por outro lado, estados que inicialmente lideravam as estatísticas, apresentam quedas consideráveis, como os de São Paulo, cujos homicídios caem 63,2%, ou os de Rio de Janeiro, com queda de 42,9%.
No geral, os números ainda são altos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera como epidêmica a região com taxa a partir de 10 homicídios por 100 mil habitantes. O índice da primeira colocada, Alagoas, é de 66 e até Santa Catarina, última da lista, ainda está acima do indicado pela OMS, com 12,9.
Número de homicídios de negros é 139% maior do que de brancos
Segundo o Mapa da Violência 2012, o número de homicídios de negros só cresce com relação ao de brancos. De 2002 a 2010 o número de vítimas brancas caiu de 18.852 para 13.668, o que representa uma queda da ordem de 27,5%. Já entre os negros, o número de homicídio aumentou de 26.952 para 33.264, equivalente a um crescimento de 23,4%. Em 2002 morreram proporcionalmente 45,8% mais negros do que brancos. Quatro anos mais tarde esse índice pula para 82,7%. Já em 2010 a proporção saltou para 139% mais negros que brancos, número bem acima do dobro.
Interior puxa o alto índice de homicídios
A pesquisa aponta que nos últimos anos as cidades do interior tiveram um triste destaque no alto índice de homicídios. No período de 1980 a 1995, as capitais e regiões metropolitanas passam de 17,9 para 40,1 homicídios em cada 100 mil habitantes, um aumento de 123,8%. No mesmo período, o interior passou de 7,5 para 11,7 homicídios em 100 mil: crescimento bem menor que o das capitais – 55,9%. Porém, entre 2003 e 2010 as taxas nas capitais têm uma queda de 23,8%. Já os índices do interior continuam crescendo 21,4% no período. “Dessa forma o interior assume, claramente, o papel de pólo dinâmico, ao impedir quedas substantivas nos níveis da violência nacional”, afirma a pesquisa.
Homicídios no Brasil é maior do que em conflitos armados no mundo
O Mapa da Violência apresenta também o comparativo com o Relatório sobre o Peso Mundial da Violência Armada, que mostra o quadro de mortes diretas em um total de 62 conflitos armados no mundo, registrados entre 2004 e 2007. Nesses quatro anos foram vitimadas 208.349 pessoas. No Brasil, país sem disputas territoriais, movimentos emancipatórios, guerras civis, enfrentamentos religiosos, raciais ou étnicos, morreram 192.804 vítimas de homicídio.
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