Bahia, 18 de Abril de 2024
SOCIAL

Dívidas não são motivos para a morte de Rielson: a sociedade não deverá se calar
Caíram como estardalhaços as matérias publicadas na grande imprensa baiana, dando ênfase ao que supostamente foi dito pela delegada Valéria.
Por: Jackson Domiciano
01/08/2014 - 01:33:42

Caíram como estardalhaços as matérias publicadas na grande imprensa baiana, nesta quinta-feira, 31, dando ênfase ao que supostamente foi dito pela delegada Valéria. Diz nas matérias, que, de acordo com a delegada Valéria Fonseca, à frente da 23ª Coordenadoria de Polícia do Interior, de Eunápolis, se apurou que o prefeito Rielson Lima devia a algumas pessoas, entre elas ciganos. “Crime político está descartado, inicialmente”, disse.

Ora, se o crime já tem uma vertente, uma razão, e se apontam  dívidas, melhor ainda para ser esclarecido, já que muita gente sabia a quem Rielson devia.  Caso, sejam mesmo os ciganos os culpados, são apenas dois ou três, e já foram vistos na Prefeitura e na casa do próprio prefeito.     

 O fato da execução de Rielson e da maior gravidade e nos causa indignação. É praticamente inexistente em toda história humana, fatos que levaram um ser humano a ser condenado à morte por dívidas. No ano 428 a.C, na antiga Roma, foram abolidos os vestígios de ações mais duras contra os falidos e devedores. O ato de matar alguém por estar devendo, é algo extremamente brutal, e inconcebível para os homens.

Os últimos dias de Rielson, notava-se nele, cada vez mais, uma expressão de tristeza e melancolia. Parecia o personagem do livro de Victor Hugo: “Os últimos dias de um condenado à morte”, e o seu percurso até os últimos instantes para a sua execução.  Ele delineava em sua face as expressões  dos tormentos que passava antes “da pena de morte” . Vivia como se fossem seus últimos dias. Andava em volta de si mesmo, como se vivesse seus últimos momentos.  Um processo duro que o matava e o enlouquecia.

Agora, após a sua execução em praça pública, como os enforcamentos diante do público medival em seus assentos, ou nos séculos anteriores, Rielson foi velado por choro e emoções. Mas, ainda quando se lamentava sozinho, entre a sua casa e a Prefeitura, muitos lhe jogavam pedras em seu frágil dorso. Professores faziam greves e aos gritos o chamavam de o larápio, o infame, o covarde.

Nesse profundo vácuo, que nos emociona, nenhum cidadão pode fazer mais nada. Somente a mão do Estado, se assim, for firme, poderá fazer Justiça. Caso contrário, pela primeira vez nos últimos séculos, alguém foi executado em praça pública por estar devendo. E, o mais grave, aos ciganos.

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