Bahia, 29 de Março de 2024
COOPERATIVISMO

Dia do Cooperativismo é celebrado em várias localidades, em Eunápolis as recordações do maior golpe financeiro da Bahia ainda são latentes
Na cidade de Eunápolis, muito pouco tem que comemorar. A mais frustrante situação proveniente desse segmento, deixou centenas de cooperados no prejuízo, até os dias de hoje. Os valores desse prejuízo ainda estão em sigilo. Os envolvidos continuam impunes. E o rombo foi um dos maiores do cooperativismo baiano.
Por: A Gazeta Bahia
06/07/2019 - 09:53:15

O Dia Internacional do Cooperativismo está sendo celebrado neste sábado (6) com diversas atividades pelo país.

 “O cooperativismo trabalha na linha de frente do desenvolvimento socioeconômico do país. E o Dia de Cooperar é uma forma de expressar a força do nosso movimento, que por meio de ações voluntárias, ajuda pessoas a transformarem suas vidas”, afirma o presidente do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Rio (OCB/RJ), Vinícius Mesquita.

O Dia Internacional do Cooperativismo é comemorado há 96 anos e, há 25 anos, foi adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU). O tema mundial das celebrações deste ano é “Cooperativas pelo Trabalho Decente”.

De acordo com a ONU, o cooperativismo é um modelo de empreendimento econômico em que os trabalhadores controlam, de forma democrática, o capital resultante do seu trabalho/cooperação. Para as Nações Unidas, como as cooperativas não são centradas no dinheiro e sim nas pessoas, esse modelo não perpetua nem acelera a concentração de capital e distribui a riqueza de forma mais justa.

 

O fracasso do cooperativismo em Eunápolis, e o duro golpe

 

Na cidade de Eunápolis, muito pouco tem que comemorar. A mais frustrante situação proveniente desse segmento, deixou centenas de cooperados no prejuízo, até os dias de hoje. Os valores desse prejuízo ainda estão em sigilo.  Os envolvidos continuam impunes. E o rombo foi um dos maiores do cooperativismo baiano.

Fundada no ano de 1998, por um ex-bancário com apenas 58 sócios, mas alcançando dentro de poucos anos, um volume de depósito de mais de R$ 15 milhões, sendo na época um maiores entre as agências da praça de Eunápolis, chegando a ter mais de 1100 sócios,  a Sicoob Eunápolis, que depois virou a Credisul,  fechou suas portas no dia 13 de janeiro de 2012, por exigência do Banco Central, que aconselhou a sua imediata liquidação.

Durante Assembléia Geral Ordinária e Extraordinária realizada na agência, naquele mesmo dia, foi nomeado um liquidante, pessoa que ficou responsável para assumir um escritório da referida Cooperativa com o objetivo de receber os créditos que passavam de R$ 4 milhões, bem como, pagar as dívidas e fazer acertos de contas.  Este escritório foi montado em outro local e depois desapareceu de forma misteriosa, já que não podia mais funcionar no seu antigo endereço.  

O prédio ande funcionava a instituição deixou de pertencer à Credisul, foi repassado  para o deputado Ronaldo Carletto por conta de dinheiro que ele tinha aplicado na instituição financeira. Ronaldo depois fez acerto com o seu ex-sócio Amauri, que passou a ser o novo proprietário. Outros imóveis também desapareceram.

Na época, a Credisul passou a não ter mais vínculo com o Banco Central, deixando, portanto, de ser uma instituição financeira perdendo a sua Carta Patente, que nunca mais foi recuperada.

Os novos liquidantes, na época, um deles de nome Abílio Prates, hoje diretor do Hospital das Clínicas nesta cidade, afirmavam que, existiam em créditos a receber por parte da Credisul, mais de R$ 4 milhões, que já estavam na Justiça, mas seus devedores não apareciam para pagar.   Comentava nos bastidores que muitos títulos eram garantias podres. Terrenos sem documentos, imóveis com valores duvidosos, notas promissórias sem avalistas, ou seja, um monte de papeis sem valor jurídico.

Os sócios que tinham ações na Credisul as perderam por serem ações representativas do capital social. Os prejuízos engoliram o capital social.  Passavam de R$ 3 milhões os débitos da Credisul com seus credores.  

Os envolvidos

Os envolvidos no escândalo da falência da Credisul, encabeçada pelo ex-presidente Lauro Setúbal, e mais todos os Conselheiros que representavam a instituição foram obrigados na época, a apresentarem suas justificativas mediante intimação do Banco Central, para o processo de apuração.  Eles também foram ouvidos pelo Ministério Público Federal.  Isso significa que mesmo com a liquidação da Credisul e o fechamento das suas portas, o processo de apuração por parte do Banco Central continuou contra a diretoria e os conselheiros. Não temos informações atuais sobre os processos contra os conselheiros e ex-diretores.

O Banco Central exigiu a liquidação da Credisul, pois no entendimento, a cooperativa apesar de ter na época uma atividade regular não tinha movimentação e isso onerava ainda mais os custos para as duas instituições.

Com a liquidação da Credisul naquele momento, encerrava-se mais uma página de um dos maiores golpes financeiros da Bahia. Tudo caminhou para o obscuro, muita coisa ainda precisa ser explicada. Os credores se safaram com seus títulos podres, e, os diretores sofreram com as imposições da Justiça, e perda de parte dos patrimônios.

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