Bahia, 24 de Abril de 2024
Por: Msn
23/03/2018 - 08:50:13

Uma eminência parda controla territórios no Rio de Janeiro onde vivem mais de 2 milhões de pessoas. São as milícias, grupos formados por ex-policiais, bombeiros, militares, agentes penitenciários e também membros das forças de segurança ainda na ativa. A atuação destas organizações paramilitares voltou à tona após o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista Anderson Gomes no dia 14 de março. Embora a polícia ainda não tenha identificado nenhum dos assassinos, o nível de profissionalismo da emboscada e as reiteradas críticas feitas pela parlamentar à atuação da polícia e à intervenção federal jogam a suspeita sobre grupos milicianos. Especialistas ouvidos pelo EL PAÍS afirmam que nas últimas décadas muito pouco foi feito para controlar estes grupos, que colocam em risco a democracia nos territórios em seu poder e já elegeram vereadores e deputados estaduais.

Estima-se que atualmente cerca de 160 comunidades no Estado do Rio estejam sob o controle de grupos paramilitares. O maior deles é o chamado de Liga da Justiça, criado no final da década de 1990 por Aldemar Almeida dos Santos e Ricardo Teixeira Cruz, conhecidos pelos apelidos de Batman e Robin. Os dois estão presos.

Até o momento, a intervenção federal não incomodou os milicianos. O grosso das operações do Exército no Rio teve como foco principal áreas dominadas pelo tráfico, principalmente pelo Comando Vermelho. Prova disso é que a comunidade escolhida como balão de ensaio pelas autoridades, a Vila Kennedy, na zona oeste, era palco de disputa entre o CV e o Terceiro Comando Puro. Para o sociólogo Ignácio Cano, da Universidade Federal Fluminense, o enfrentamento feito pelo Estado contra os grupos paramilitares foi insuficiente. “As milícias são um câncer no Rio. E embora tenham provocado resposta do Estado depois de 2008, foi insuficiente”, afirma o professor. “Quando o Estado age contra o tráfico ele lança mão de uma lógica militarizada de ocupação da comunidade. Mas com relação às milícias não ocorre isso: eles investigam, podem até prender alguns, mas não tem a lógica de retomada do território”.

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